Esta Revista foi organizada para mostrar atividades feitas em Genética com os alunos dos 3º anos do Ensino Médio. Os alunos fizeram um resgate histórico de seus familiares e construíram a sua árvore genealógica
Histórico da Genética A Genética é um dos ramos da Biologia que mais tem avançado nos últimos tempo 4
Quem Somos Alunos da 3ª série do Ensino Médio da Escola Estadual de educação Básica Amélio Fagundes investigaram as características familiares 4
Onde Moramos Independência é um pequeno município da região Fronteira Noroeste do Rio Grande do Sul 5
Questões Norteadoras
da Pesquisa Investigar as principais
características familiares e construir a genealogia é importante para a busca
das raízes 5
Um Pouco da Nossa História das nossas Famílias As famílias dos alunos da 3ª série são oriundas de diversas etnias 5
Um Pouco da Nossa História das nossas Famílias As famílias dos alunos da 3ª série são oriundas de diversas etnias 5
Fatos Pitorescos
de Nossos Antepassados Através das
falas dos familiares descobre-se as
origens e as lutas Desbravando Novas
Terras
A Degradação Ambiental, Lutando Pela Sobrevivência No início da colonização do Rio Grande do Sul e assim também em Independência foi necessário o desmatamento de várias áreas para o plantio de alimentos para a subsistência familiar 7
A Procura de Nossas Raízes Saber a origem familiar é importante para o entendimento de como são transmitidas as características hereditárias 8
A Genética e os Grupos Sanguíneos e de Nossos Familiares O sangue não é igual para todos, por isso é importante saber a que grupo sanguíneo pertencemos 9
Nossa Genealogia Construir a Genealogia é entender como são transmitidos os gens ao longo das várias gerações 10
As Principais Doenças de Nossos Familiares A investigação das doenças mais comuns nas famílias é um importante fator para entender e prevenir 11
Algumas são hereditárias Muitas doenças podem ser hereditárias, com o projeto Genoma Humano fica mais fácil entender 12
A Degradação Ambiental, Lutando Pela Sobrevivência No início da colonização do Rio Grande do Sul e assim também em Independência foi necessário o desmatamento de várias áreas para o plantio de alimentos para a subsistência familiar 7
A Procura de Nossas Raízes Saber a origem familiar é importante para o entendimento de como são transmitidas as características hereditárias 8
A Genética e os Grupos Sanguíneos e de Nossos Familiares O sangue não é igual para todos, por isso é importante saber a que grupo sanguíneo pertencemos 9
Nossa Genealogia Construir a Genealogia é entender como são transmitidos os gens ao longo das várias gerações 10
As Principais Doenças de Nossos Familiares A investigação das doenças mais comuns nas famílias é um importante fator para entender e prevenir 11
Algumas são hereditárias Muitas doenças podem ser hereditárias, com o projeto Genoma Humano fica mais fácil entender 12
REVISTA DE GENÉTICA
publicação da 3ª série do Ensino Médio da E.E de Ed. Básica Amélio
Fagundes
Sede Independência
Coordenação Professora Noemí de Araújo Bauer
Colaboração Alunos da 3ª série
Ano 2010, 1ª
edição
A
busca de uma explicação por que semelhante gera semelhante e como isso ocorre
tem permeado toda a história da humanidade. Somente após o desenvolvimento da Genética
é que algumas respostas estão sendo encontradas.
Em 1865 o monge agostiniano Gregor Mendel, descobriu
que características individuais são determinadas por fatores que mais tarde
foram denominados de genes, que são herdados dos pais, tais pesquisas naquela
época não tiveram a importância devida e os trabalhos foram esquecidos por
quase quarenta anos. A Genética teve
grande impulso no começo do século XX, quando as descobertas de Mendel foram corroboradas,
tornando possível decifrar muitas coisas referentes à hereditariedade.
Atualmente a Genética é um dos ramos da Biologia que mais cresce e que mais
aponta caminhos tanto para cura de doenças como para a exploração dos recursos
naturais e sua modificação. As mais discutidas descobertas nesse ramo, como a
Engenharia Genética, Projeto Genoma Humano, Transgenia e Clonagem podem ser
usadas para meios pacíficos e benéficos, como para meios maléficos, como
exploração econômica e dos recursos naturais como discriminação racial e
eugenia. Portanto, é necessário entrar nesse ramo de conhecimento que envolve a
Biologia e outras áreas.
Alunas
fazendo experimento de clonagem com violetas
|
Os alunos da 3ª série do Ensino Médio da Escola Estadual de Educação Básica Amélio Fagundes, município de Independência, Rio Grande do Sul. No ano de 2009 estudaram os conteúdos de Genética na disciplina de Biologia. Entendendo que não basta estudar apenas os conceitos e saber que é a ciência que estuda a transmissão das características hereditárias de uma geração para outras. Tiveram curiosidade em entender através dos conceitos como isso acontece, por que aparecem certas características, como herdam de onde herdam, ou seja, de onde vêm para onde vão.
O município de Independência, fundado em
1965 fica situado na região Fronteira Noroeste do Rio Grande do Sul,a cerca de
500 Km da capital Porto Alegre. Tem cerca de 7.000 habitantes e IDH 0,79 de
acordo com o censo de 2000, sua área territorial é de 377,48 Km2, a base econômica é agricultura baseada
nas culturas de soja, trigo, milho, suinocultura e rebanho leiteiro, atividades
que contribuem para a degradação ambiental.
Não
se sabe ao certo porque foi dado o nome de Independência ao nosso município. A
versão mais comum é que antes do início da colonização com efetiva ocupação das
terras, a região tinha extensas matas e muitos animais ferozes e era ocupada
por grupos indígenas. Pertenceu aos municípios de Rio Pardo, Cachoeira do Sul,
Santo Ângelo, Santa rosa e Três de Maio. Conta-se que seu nome está ligado a
bandidos banidos de Santo Ângelo, ainda antes de 1890 e que expulsos daquele
município tinham que atravessar o rio Santa Rosa com seus pertences e
instalar-se neste território. Esses “condenados”, expulsos foram cultivando
suas roças para terem alimentos. Um desses, teria voltado de Santo Ângelo com
sua família e surpresas as autoridades da época lhe perguntaram:- Mas como? Você
voltou? E o fugitivo respondeu: “-Sim, voltei porque fiz a minha
INDEPENDÊNCIA.” Pois o mesmo havia se estabelecido nas proximidades da atual
cidade de Independência, onde em regime de agricultura familiar, ferramentas
artesanais e terras férteis começou a cultivar as terras.
Questões Norteadoras da Pesquisa
Pesquisar
as características familiares dos pais (pai e mãe), irmãos e irmã, aluno(a), avôs
e avós(paternos e maternos), tios e tias consanguíneos (maternos e paternos). Características
a serem investigadas (cor da pele, cor e textura dos cabelos, grupo sanguíneo e
fator Rh, habilidade manual, lóbulo da orelha, lábios, altura, tipo de nariz.
Também investigue na sua família as doenças mais comuns e acrescente no seu
trabalho e inclusive faça uma legenda evidenciando na árvore genealógica os
indivíduos afetados nas gerações. Pesquise também as origens de seus familiares
e um pouco da história.
Nossas Origens
Desde os primeiros registros históricos
constata-se que, ciclicamente, alguns povos se deslocaram do seu ponto original
para conquistar outras terras, com isso ocorreram muitas trocas gênicas entre
os povos. A história recente do homem, em especial com a colonização pelos
europeus de regiões menos desenvolvidas, em especial aqui na região sul do
Brasil, fez com que as diferenças de frequência gênica diminuíssem, aumentando
com isso a permuta desses gens.
O município de Independência fica na região
Sul do Brasil, isso também aconteceu nas sucessivas gerações dos familiares da
3ª série.
O Rio Grande do Sul o então chamado
Continente de São Pedro, como também a nossa Região foi povoada primeiramente
por índios, logo após com a vinda dos jesuítas nos anos de 1600 por portugueses
e espanhóis, após os imigrantes alemães, italianos, poloneses, austríacos,
franceses, russos, suecos.
As colônias alemãs e italianas gozavam de inúmeros privilégios
étnicos que lhes permitiam manter a língua, a religião e a cultura que lhes
garantiam uma identidade a independência étnica até hoje muito forte. De certa
forma continuavam a viver como se as colônias do Sul fosse uma extensão, ainda
que pequena, da Alemanha ou da Itália, aumentando a imigração na década de
1930.
Navegando por Muitos
Mares
“Meu bisavô chegou ao
Brasil em 1895, com 5 meses de vida a bordo de um navio sueco. Vieram da Suécia para ‘tentar a vida’ no Brasil, já que seu
país a vida era muito difícil.” (Danieli Carlson Writz)
“Era por volta de 1915
que meus tataravós maternos e meus bisavós chegaram no porto de Santos/SP. Meu
bisavô tinha 13 anos, e ficaram trabalhando lá em São Paulo, nos cafezais. Eles
fugiram da Alemanha por que estava
acontecendo algumas revoltas armadas. Na viagem para cá viera a bordo de um
navio movido a vapor. Caso alguém morresse na viagem, era embalsamado e jogado
ao mar, para que não houvesse o contágio com os outros tripulantes a bordo,
pois o morto poderia ter um vírus contagioso. Em São Paulo ficaram alguns anos
trabalhando, até que decidiram migrar para o Sul, chegando até a cidade próxima
daqui Santo Ângelo...”(Evandro Wornath Milbradt)
“A família Sartor e
Rossi, por parte de meu pai são descendentes de italianos que vieram de navio ao Rio Grande do Sul no séc.
XIX...Muito pobres, estabeleceram-se na região de Caxias do Sul, onde
cultivavam uva. Os anos passara, e havia necessidade de migrar para a região
Noroeste em busca de terras inexploradas......Já a família de minha
mãe...Pauslauski e Demke, são descendentes de Ucranianos que vieram da Galícia uma ex-república da União Soviética.” (Flávia
Demke Rossi)
“Isabel Destefani morava em São Paulo, pois seu pai veio com um
mês e meio da Itália...só depois que Isabel nasceu e desenvolveu-se é que
vieram para o Rio Grande do Sul....” (Andréia Pavlack)
“Meus bisavós maternos,
Antônio e Palmira Botton, vieram da Itália e em Boa Vista fizeram uma casa de
porão e constituiram uma família com sete filhos, tinham parreiral e faziam
vinho. “ (Andréia Pavlack)
“Sou descendente de
italianos ....quando aconteceu o processo de unificação e foram retomados os
teritórios do Norte em mãos da Áustria....aconteceu a crise e o desemprego.
Naqueles tempos meu tataravô Caetano Vicentini entra em cena, ele foi um grande
giusta-óssi (arrumador de ossos) em Val de Buia.
Vicentini era avô da minha nona Mercedes Buzzatti Cervi...ele veio
com sua esposa da Província de Reggio Nel’Emília em 1878 e chegou ao Brasil em
11 de janeiro de 1878, onde desembarcou no porto do Rio de Janeiro...vindo a se
estabelecer no rio Grande do Sul.”(Mônica Servi Pavlack)
“Toda a história da família Coracini no Brasil começou com a vinda
de meu bisavô Jacobi Corracini, que nasceu no navio em plena viagem vindo da
Itália....ele cresceu em Ijuí e lá se apaixonou pela bisa Rosa Meller que
também tinha vindo da Itália.”(Thiarles Coracini)
“...meus tataravós maternos, residiam na cidade de Palermo na
Itália...” (Alessandra Maria Servi)
“Os irmãos da minha
bisavó tinham o primeiro bolicho aqui em Independência.....A minha bisavó
Heli-descendente de alemães- só falava a língua alemã.” (Graciela Kühler de
Moura)
“Meus bisavós paternos vieram da Alemanha...Meus avós maternos um
descendente de poloneses e minha avó descendente de alemães”Cleidimar Boyarski
de Lima)
“Os meus tataravós
maternos...eram de origem polonesa...Os meus tataravós paternos eram de origem
brasileira...”Tassiara Borges da Motta
“Meu bisavô veio para o Brasil em 1865 chegou
em 1865, com 1 ano de idade, vindo da Áustria.” (Andressa Dummel Dal Forno)
Por volta de 1824 chegaram os
imigrantes alemães, 1875 os imigrantes italianos assim como imigrantes
poloneses, austríacos, franceses, russos, suecos.
Degradação
Ambiental, Lutando Pela Sobrevivência
“......cultivavam milho, arroz, mandioca,
feijão...Saíram de lá a procura de terras próprias que eles mesmos teriam
que desmatar e começar seu próprio
cultivo. E se instalaram aqui, onde hoje é o município de Independência, mas
naquela época era só matas com árvores centenárias.” (Evandro
Wornath Milbradt)
“...colaboraram na
colonização do Rio Grande do Sul ao se instalarem em diferentes regiões, todas
cobertas por matas que precisaram ser derrubadas para que as terras fossem
cultivadas.” (Mônica Servi Pavlack)
“”Meu bisavô materno Oscar,
fazia cachaça e vinho, plantava cevada do qual também faziam café, fazia
manteiga e vassoura...Com 8 anos de idade meu avô paterno fazia acampamentos 3
a 4 dias às vezes com meu bisavô, nas lavouras para fazer a plantação de
alfafa, fumo, feijão e milho....Meu avô ia a cavalo para o colégio, sua pasta
era de brim...cada de Quarto-passa...”(Graciela Kühler de Moura)
“...e vieram residir no município de Santo Ângelo, onde hoje é a
localidade de Pessegueiro na cidade de Independência, era uma região de mato
virgem....começaram a plantar em pequenas quantidade que na época era
manual...construíram um moinho .....produziam farinha, tanto para o consumo
como para os vizinhos...era tudo mato aí, meu avô desmatou áreas de mato para
utilizar para plantiu, plantavam sem adubos químico e colhiam muito bem...Meu
avô foi proprietário das primeiras máquinas colheitadeiras que saíram no Brasil...Faziam
muito ‘chibo’ nome dado naquela época para o contrabando da Argentina.” (Cleidimar
Boyarski de Lima)
A Genética e os
Grupos Sanguíneos
Os alunos da 3ª série fizeram no laboratório do
hospital a tipagem do grupo sanguíneo e também entrevistaram os seus familiares
para verificar o grupo sanguíneo e o fator Rh. Corroborando as estatísticas de
que 45% das pessoas tem sangue O, 43%
A, 8,5%B e 3,5% AB e quanto ao
fator Rh 85% da população tem Rh + e
15% tem Rh -.
Nossas Genealogias
As pessoas nascem com uma predisposição
biológica, pois a hereditariedade é a condição, entretanto, isso não é tudo nem
determina tudo o que seremos, uma vez que o nosso aporte biológico entrará em
interação com o meio ambiente. São as influências e as respostas desse ambiente
que definirão a nossa saúde e as nossas enfermidades.
O
que se sabe é que algumas doenças são mais comuns ou mais freqüentes em
determinados agrupamentos humanos. Em tempos de engenharia genética,
compreender predisposição biológica é muito importante.
Para podermos entender um pouco sobre
algumas características familiares e em especial algumas doenças comuns em
algumas famílias fizemos a genealogia familiar a partir dos avós. As genealogias
são representações gráficas dos dados da família dando assim um melhor
entendimento de como se dá a transmissão das características hereditárias
investigadas.
Genealogia Especial
de uma Aluna
Hemofilia
na família materna e câncer na família paterna nas três gerações
|
A hemofilia
é uma anomalia em que o sangue demora muito para coagular podendo causar
hemorragias graves. Na hemofilia mais comum, falta o fator VIII, uma das
substãncias da cadeia de reação de coagulação. Essa anomalia é ligada ao sexo.
Geralmente a pessoa afetada é do sexo masculino e recebe o gene da mãe. Na
genealogia de uma aluna foi constado casos de hemofilia na família materna e de
câncer na família paterna nas três gerações estudadas. Fica a pergunta: será
que esta aluna traz consigo o gem para hemofilia e câncer? Pois no caso da
hemofilia ela tem grande de chance de passar aos filhos homens o gene da
hemofilia e eles serem hemofílicos e gerar filhas portadoras para o gem em
questão.
Câncer: células normais podem sofrer
alterações, passando a reproduzir-se desordenadamente e formar tumores. A
transformação de uma célula normal em tumoral pode estar ligado a substâncias
químicas, biológicas e a fatores físicos e tudo isso pode estar ligado a
fatores genéticos.
É imenso o número de doenças hereditárias hoje conhecidas os
nos familiares, também apresentam algumas das doenças que mais acometem os
grupos das diversas populações humana.
Algumas são
Hereditárias
As doenças mais comuns que apareceram nos
nossos familiares foram problemas de
visão 80 casos como cataratas, miopia; hipertensão
com 43casos, diabetes 32 casos, colesterol 43casos, câncer 32 casos, problemas cardíacos 38
casos entre outras. Muitas destas doenças podem ser herdadas dos
ancestrais.
Hipertensão: Numerosos fatores podem contribuir para a
hipertensão. A hereditariedade tem seu papel, o que significa que a hipertensão
pode ocorrer em famílias. O nível da pressão arterial depende da interação de
fatores genéticos e das influências decorrentes do estilo de vida.
Com a palavra
“Através
deste trabalho pude conhecer muitas pessoas da minha família que jamais tinha
visto, assim consegui descobrir novos parentescos e várias histórias
interessantes sobre minha família, que me levou a dar mais importância para a
cultura e o modo de viver em família. Pois na vida, vivemos em busca de
respostas que na maioria das vezes estão escondidas em nosso passado. Esta
pesquisa me levou a dar mais importância ao meu passado e ao passado de meus
ancestrais, assim será guardado para o conhecimento das gerações futuras.”
(Thiarles Coracini)