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domingo, 4 de dezembro de 2016

Revista de Genética "MINHA NADA MOLE VIDA"


Esta Revista foi organizada para mostrar atividades feitas em Genética com os alunos dos 3º anos do Ensino Médio. Os alunos fizeram um resgate histórico de seus familiares e construíram a sua árvore genealógica



A história de nossos antepassados e também de nossas vidas é uma certa sabedoria que se adquire, ainda que com recursos científicos, sobre as coisas que já ocorreram, pelo que de há muito passou. Assim, ao imaginar-se sondar o devir a partir dela faz com que possa incorrer-se num inócuo exercício de futurologia, não muito distante de uma profecia.


Histórico da Genética A Genética é um dos ramos da Biologia que mais tem avançado nos últimos tempo 4
Quem Somos Alunos da 3ª série do Ensino Médio da Escola Estadual de educação Básica Amélio Fagundes investigaram as características familiares 4
 Onde Moramos Independência é um pequeno município da região Fronteira Noroeste do Rio Grande do Sul 5
Questões Norteadoras da Pesquisa  Investigar as principais características familiares e construir a genealogia é importante para a busca das raízes 5
 Um Pouco da Nossa História das nossas Famílias As famílias dos alunos da 3ª série são oriundas de diversas etnias 5

Fatos Pitorescos de  Nossos Antepassados Através das falas dos  familiares descobre-se as origens e as lutas Desbravando Novas Terras
A Degradação Ambiental, Lutando Pela Sobrevivência No início da colonização do Rio Grande do Sul e assim também em Independência foi necessário o desmatamento de várias áreas para o plantio de alimentos para a subsistência familiar 7
A Procura de Nossas Raízes Saber a origem familiar é importante para o entendimento de como são transmitidas as características hereditárias 8
A Genética e os Grupos Sanguíneos e de Nossos Familiares O sangue não é igual para todos, por isso é importante saber a que grupo sanguíneo pertencemos 9
Nossa Genealogia  Construir a Genealogia é entender como são transmitidos os gens ao longo das várias gerações 10
As Principais Doenças de Nossos Familiares A investigação das doenças mais comuns nas famílias é um importante fator para entender  e prevenir 11
Algumas são hereditárias Muitas doenças podem ser hereditárias, com o projeto Genoma Humano fica mais fácil entender 12


REVISTA DE GENÉTICA  publicação da 3ª série do Ensino Médio da E.E de Ed. Básica Amélio Fagundes
Sede Independência
Coordenação Professora Noemí de Araújo Bauer
Colaboração Alunos da 3ª série

Ano 2010, edição


                A busca de uma explicação por que semelhante gera semelhante e como isso ocorre tem permeado toda a história da humanidade. Somente após o desenvolvimento da Genética é que algumas respostas estão sendo encontradas.
                 Em 1865 o monge agostiniano Gregor Mendel, descobriu que características individuais são determinadas por fatores que mais tarde foram denominados de genes, que são herdados dos pais, tais pesquisas naquela época não tiveram a importância devida e os trabalhos foram esquecidos por quase quarenta anos.  A Genética teve grande impulso no começo do século XX, quando as descobertas de Mendel foram corroboradas, tornando possível decifrar muitas coisas referentes à hereditariedade. Atualmente a Genética é um dos ramos da Biologia que mais cresce e que mais aponta caminhos tanto para cura de doenças como para a exploração dos recursos naturais e sua modificação. As mais discutidas descobertas nesse ramo, como a Engenharia Genética, Projeto Genoma Humano, Transgenia e Clonagem podem ser usadas para meios pacíficos e benéficos, como para meios maléficos, como exploração econômica e dos recursos naturais como discriminação racial e eugenia. Portanto, é necessário entrar nesse ramo de conhecimento que envolve a Biologia e outras áreas.


Alunas fazendo experimento de clonagem com violetas
                                     



                Os alunos da 3ª série do Ensino Médio da Escola Estadual de Educação Básica Amélio Fagundes, município de Independência, Rio Grande do Sul. No ano de 2009 estudaram os conteúdos de Genética na disciplina de Biologia. Entendendo que não basta estudar apenas os conceitos e saber que é a ciência que estuda a transmissão das características hereditárias de uma geração para outras. Tiveram curiosidade em entender através dos conceitos como isso acontece, por que aparecem certas características, como herdam de onde herdam, ou seja, de onde vêm para onde vão.



 
               

   O município de Independência, fundado em 1965 fica situado na região Fronteira Noroeste do Rio Grande do Sul,a cerca de 500 Km da capital Porto Alegre. Tem cerca de 7.000 habitantes e IDH 0,79 de acordo com o censo de 2000, sua área territorial é de 377,48 Km2, a base econômica é agricultura baseada nas culturas de soja, trigo, milho, suinocultura e rebanho leiteiro, atividades que contribuem para a degradação ambiental.
            Não se sabe ao certo porque foi dado o nome de Independência ao nosso município. A versão mais comum é que antes do início da colonização com efetiva ocupação das terras, a região tinha extensas matas e muitos animais ferozes e era ocupada por grupos indígenas. Pertenceu aos municípios de Rio Pardo, Cachoeira do Sul, Santo Ângelo, Santa rosa e Três de Maio. Conta-se que seu nome está ligado a bandidos banidos de Santo Ângelo, ainda antes de 1890 e que expulsos daquele município tinham que atravessar o rio Santa Rosa com seus pertences e instalar-se neste território. Esses “condenados”, expulsos foram cultivando suas roças para terem alimentos. Um desses, teria voltado de Santo Ângelo com sua família e surpresas as autoridades da época lhe perguntaram:- Mas como? Você voltou? E o fugitivo respondeu: “-Sim, voltei porque fiz a minha INDEPENDÊNCIA.” Pois o mesmo havia se estabelecido nas proximidades da atual cidade de Independência, onde em regime de agricultura familiar, ferramentas artesanais e terras férteis começou a cultivar as terras.


Questões Norteadoras da Pesquisa
                Pesquisar as características familiares dos pais (pai e mãe), irmãos e irmã, aluno(a), avôs e avós(paternos e maternos), tios e tias consanguíneos (maternos e paternos). Características a serem investigadas (cor da pele, cor e textura dos cabelos, grupo sanguíneo e fator Rh, habilidade manual, lóbulo da orelha, lábios, altura, tipo de nariz. Também investigue na sua família as doenças mais comuns e acrescente no seu trabalho e inclusive faça uma legenda evidenciando na árvore genealógica os indivíduos afetados nas gerações. Pesquise também as origens de seus familiares e um pouco da história.


Nossas Origens
                  Desde os primeiros registros históricos constata-se que, ciclicamente, alguns povos se deslocaram do seu ponto original para conquistar outras terras, com isso ocorreram muitas trocas gênicas entre os povos. A história recente do homem, em especial com a colonização pelos europeus de regiões menos desenvolvidas, em especial aqui na região sul do Brasil, fez com que as diferenças de frequência gênica diminuíssem, aumentando com isso a permuta desses gens.
                 O município de Independência fica na região Sul do Brasil, isso também aconteceu nas sucessivas gerações dos familiares da 3ª série.

 


                O Rio Grande do Sul o então chamado Continente de São Pedro, como também a nossa Região foi povoada primeiramente por índios, logo após com a vinda dos jesuítas nos anos de 1600 por portugueses e espanhóis, após os imigrantes alemães, italianos, poloneses, austríacos, franceses, russos, suecos.
            As colônias alemãs e italianas gozavam de inúmeros privilégios étnicos que lhes permitiam manter a língua, a religião e a cultura que lhes garantiam uma identidade a independência étnica até hoje muito forte. De certa forma continuavam a viver como se as colônias do Sul fosse uma extensão, ainda que pequena, da Alemanha ou da Itália, aumentando a imigração na década de 1930.




    

Navegando por Muitos Mares


 
 “Meu bisavô chegou ao Brasil em 1895, com 5 meses de vida a bordo de um navio sueco. Vieram da Suécia para ‘tentar a vida’ no Brasil, já que seu país a vida era muito difícil.” (Danieli Carlson Writz)
    “Era por volta de 1915 que meus tataravós maternos e meus bisavós chegaram no porto de Santos/SP. Meu bisavô tinha 13 anos, e ficaram trabalhando lá em São Paulo, nos cafezais. Eles fugiram da Alemanha por que estava acontecendo algumas revoltas armadas. Na viagem para cá viera a bordo de um navio movido a vapor. Caso alguém morresse na viagem, era embalsamado e jogado ao mar, para que não houvesse o contágio com os outros tripulantes a bordo, pois o morto poderia ter um vírus contagioso. Em São Paulo ficaram alguns anos trabalhando, até que decidiram migrar para o Sul, chegando até a cidade próxima daqui Santo Ângelo...”(Evandro Wornath Milbradt)

   “A família Sartor e Rossi, por parte de meu pai são descendentes de italianos que vieram de navio ao Rio Grande do Sul no séc. XIX...Muito pobres, estabeleceram-se na região de Caxias do Sul, onde cultivavam uva. Os anos passara, e havia necessidade de migrar para a região Noroeste em busca de terras inexploradas......Já a família de minha mãe...Pauslauski e Demke, são descendentes de Ucranianos que vieram da Galícia  uma ex-república da União Soviética.” (Flávia Demke Rossi)





“Isabel Destefani morava em São Paulo, pois seu pai veio com um mês e meio da Itália...só depois que Isabel nasceu e desenvolveu-se é que vieram para o Rio Grande do Sul....” (Andréia Pavlack)
   “Meus bisavós maternos, Antônio e Palmira Botton, vieram da Itália e em Boa Vista fizeram uma casa de porão e constituiram uma família com sete filhos, tinham parreiral e faziam vinho. “ (Andréia Pavlack)
   “Sou descendente de italianos ....quando aconteceu o processo de unificação e foram retomados os teritórios do Norte em mãos da Áustria....aconteceu a crise e o desemprego. Naqueles tempos meu tataravô Caetano Vicentini entra em cena, ele foi um grande giusta-óssi (arrumador de ossos) em Val de Buia.
Vicentini era avô da minha nona Mercedes Buzzatti Cervi...ele veio com sua esposa da Província de Reggio Nel’Emília em 1878 e chegou ao Brasil em 11 de janeiro de 1878, onde desembarcou no porto do Rio de Janeiro...vindo a se estabelecer no rio Grande do Sul.”(Mônica Servi Pavlack)
“Toda a história da família Coracini no Brasil começou com a vinda de meu bisavô Jacobi Corracini, que nasceu no navio em plena viagem vindo da Itália....ele cresceu em Ijuí e lá se apaixonou pela bisa Rosa Meller que também tinha vindo da Itália.”(Thiarles Coracini)
“...meus tataravós maternos, residiam na cidade de Palermo na Itália...” (Alessandra Maria Servi)

 
     “Os irmãos da minha bisavó tinham o primeiro bolicho aqui em Independência.....A minha bisavó Heli-descendente de alemães- só falava a língua alemã.” (Graciela Kühler de Moura)
“Meus bisavós paternos vieram da Alemanha...Meus avós maternos um descendente de poloneses e minha avó descendente de alemães”Cleidimar Boyarski de Lima)

 “Os meus tataravós maternos...eram de origem polonesa...Os meus tataravós paternos eram de origem brasileira...”Tassiara Borges da Motta

   “Meu bisavô veio para o Brasil em 1865 chegou em 1865, com 1 ano de idade, vindo da Áustria.” (Andressa Dummel Dal Forno)


                Por volta de 1824 chegaram os imigrantes alemães, 1875 os imigrantes italianos assim como imigrantes poloneses, austríacos, franceses, russos, suecos.
   
Degradação Ambiental, Lutando Pela Sobrevivência


     
 “......cultivavam milho, arroz, mandioca, feijão...Saíram de lá a procura de terras próprias que eles mesmos teriam que  desmatar e começar seu próprio cultivo. E se instalaram aqui, onde hoje é o município de Independência, mas naquela época era só matas com árvores centenárias.” (Evandro Wornath Milbradt)
   “...colaboraram na colonização do Rio Grande do Sul ao se instalarem em diferentes regiões, todas cobertas por matas que precisaram ser derrubadas para que as terras fossem cultivadas.” (Mônica Servi Pavlack)
   “”Meu bisavô materno Oscar, fazia cachaça e vinho, plantava cevada do qual também faziam café, fazia manteiga e vassoura...Com 8 anos de idade meu avô paterno fazia acampamentos 3 a 4 dias às vezes com meu bisavô, nas lavouras para fazer a plantação de alfafa, fumo, feijão e milho....Meu avô ia a cavalo para o colégio, sua pasta era de brim...cada de Quarto-passa...”(Graciela Kühler de Moura)
“...e vieram residir no município de Santo Ângelo, onde hoje é a localidade de Pessegueiro na cidade de Independência, era uma região de mato virgem....começaram a plantar em pequenas quantidade que na época era manual...construíram um moinho .....produziam farinha, tanto para o consumo como para os vizinhos...era tudo mato aí, meu avô desmatou áreas de mato para utilizar para plantiu, plantavam sem adubos químico e colhiam muito bem...Meu avô foi proprietário das primeiras máquinas colheitadeiras que saíram no Brasil...Faziam muito ‘chibo’ nome dado naquela época para o contrabando da Argentina.” (Cleidimar Boyarski de Lima)

    

A Genética e os Grupos Sanguíneos


     Por volta de 1900, o médico austríaco Karl Landsteiner verificou que, quando amostras de sangue de determinadas pessoas eram misturadas, as hemácias se juntavam, formando aglomerados semelhantes a coágulos, concluindo que determinadas pessoas têm sangue incompatíveis. Descobrindo  assim, o  grupo ABO e  que na espécie humana   existem  os grupos A, AB, B e O. Mais tarde, na década de 1940, esse mesmo médico realizou experimentos em macacos reso , descobrindo o fator Rh que pode ser positivo (Rh+) ou negativo (Rh - ). Tanto o grupo ABO, quanto o fator Rh são  transmissão hereditária que acontecem através de alelos múltiplos.
Os alunos da 3ª série fizeram no laboratório do hospital a tipagem do grupo sanguíneo e também entrevistaram os seus familiares para verificar o grupo sanguíneo e o fator Rh. Corroborando as estatísticas de que 45% das pessoas tem sangue O, 43% A, 8,5%B e 3,5% AB e quanto ao fator Rh 85% da população tem Rh + e 15% tem Rh -.


Nossas Genealogias

      As pessoas nascem com uma predisposição biológica, pois a hereditariedade é a condição, entretanto, isso não é tudo nem determina tudo o que seremos, uma vez que o nosso aporte biológico entrará em interação com o meio ambiente. São as influências e as respostas desse ambiente que definirão a nossa saúde e as nossas enfermidades.
       O que se sabe é que algumas doenças são mais comuns ou mais freqüentes em determinados agrupamentos humanos. Em tempos de engenharia genética, compreender predisposição biológica é muito importante.
          Para podermos entender um pouco sobre algumas características familiares e em especial algumas doenças comuns em algumas famílias fizemos a genealogia familiar a partir dos avós. As genealogias são representações gráficas dos dados da família dando assim um melhor entendimento de como se dá a transmissão das características hereditárias investigadas.
   

Genealogia Especial de uma Aluna
Hemofilia na família materna e câncer na família paterna nas três gerações



                 A hemofilia é uma anomalia em que o sangue demora muito para coagular podendo causar hemorragias graves. Na hemofilia mais comum, falta o fator VIII, uma das substãncias da cadeia de reação de coagulação. Essa anomalia é ligada ao sexo. Geralmente a pessoa afetada é do sexo masculino e recebe o gene da mãe. Na genealogia de uma aluna foi constado casos de hemofilia na família materna e de câncer na família paterna nas três gerações estudadas. Fica a pergunta: será que esta aluna traz consigo o gem para hemofilia e câncer? Pois no caso da hemofilia ela tem grande de chance de passar aos filhos homens o gene da hemofilia e eles serem hemofílicos e gerar filhas portadoras para o gem em questão.
Câncer: células normais podem sofrer alterações, passando a reproduzir-se desordenadamente e formar tumores. A transformação de uma célula normal em tumoral pode estar ligado a substâncias químicas, biológicas e a fatores físicos e tudo isso pode estar ligado a fatores genéticos.
É imenso o número de doenças hereditárias hoje conhecidas os nos familiares, também apresentam algumas das doenças que mais acometem os grupos das diversas populações humana.

Algumas são Hereditárias
                  As doenças mais comuns que apareceram nos nossos familiares foram problemas de visão 80 casos como cataratas, miopia; hipertensão com 43casos, diabetes 32 casos, colesterol 43casos, câncer 32 casos, problemas cardíacos 38 casos entre outras. Muitas destas doenças podem ser herdadas dos ancestrais.  



Hipertensão: Numerosos fatores podem contribuir para a hipertensão. A hereditariedade tem seu papel, o que significa que a hipertensão pode ocorrer em famílias. O nível da pressão arterial depende da interação de fatores genéticos e das influências decorrentes do estilo de vida.


  Diabetes:      A diabetes é uma doença que acomete uma grande parcela da população. Dieta e estilo de vida assim como o histórico familiar contribuem para o desenvolvimento da doença     esta doença chama atenção pelo alto índice de pessoas do nosso cotidiano (pais, tios, avós...) que apresentam diabetes




Com a palavra

“Através deste trabalho pude conhecer muitas pessoas da minha família que jamais tinha visto, assim consegui descobrir novos parentescos e várias histórias interessantes sobre minha família, que me levou a dar mais importância para a cultura e o modo de viver em família. Pois na vida, vivemos em busca de respostas que na maioria das vezes estão escondidas em nosso passado. Esta pesquisa me levou a dar mais importância ao meu passado e ao passado de meus ancestrais, assim será guardado para o conhecimento das gerações futuras.” (Thiarles Coracini)