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sábado, 12 de novembro de 2011

projeto"Louva-a-deus: Um Inseto Misterioso"

LOUVA-A-DEUS:
UM INSETO MISTERIOSO

1-Justificativa:

Tendo
em vista a importância de tratar os conteúdos de maneira contextualizada e que
o louva-a-deus é um inseto que desperta muita curiosidade pelas lendas que são
passadas de geração a geração, optei em trabalhar os conteúdos sobre os insetos
que fazem parte do currículo da 6ª série, a partir de observações e estudos
sobre o louva-a-deus. Sempre tive como princípio trabalhar temas científicos
num contexto de relevância social e ambiental. Sentia a necessidade de
aprofundar os conhecimentos sobre este inseto, pois o mesmo em nossa Região é
tido como ‘um animal muito perigoso e que possui um veneno mortal, mais tóxico
que o de cobras’, e ao mesmo tempo, a maioria das pessoas mata-o quando o
encontram e a sua população vem diminuindo muito nos últimos anos na nossa
Região. Como bióloga, sei da importância que o mesmo tem sobre o controle
biológico de outros insetos e que o seu desaparecimento poderá levar ao aumento
das populações dos animais predados pelo louva-a-deus, como o mosquito da
dengue, moscas, borboletas, entre outros.

Entendo que a escola deve tratar da realidade em que vivemos,
relacionando o aluno ao seu contexto, de maneira que possa auxiliar
substantivamente na ativa construção dos conhecimentos

2-Objetivos:
2.1-Objetivo
Geral:
-Estudar a morfologia, fisiologia e
classificação dos insetos a partir do louva-a-deus, levando em conta sua
importância para o meio ambiente desmistificando o senso empírico de que o
mesmo é venenoso e divulgando a sua inofensividade.
2.2-Objetivos
específicos:
-Identificar os artrópodes e a classe
dos insetos como os animais mais numerosos do planeta;
-Características dos Artrópodes;
-Construir uma cultura científica
através de contatos por e-mail com o
cientista gaúcho prof. Dr. Lauro José Jantsch, um dos quatro pesquisadores
mundiais especialistas em louva-a-deus;
-Entender os termos científicos a partir
dos contatos com o pesquisador;
-Motivar o aprendizado estimulando a
imaginação, a curiosidade e a criatividade dos alunos diante do estudo do
louva-a-deus;
-Se apropriar dos diversos recursos
tecnológicos para estudar os insetos
-Desmistificar as lendas de que o
louva-a-deus é um animal venenoso;
-Desenvolver/Construir atitudes de zelo
para com os animais, a partir das observações, dos cuidados e dos conhecimentos
construídos a partir do estudo do louva-a-deus;
-Divulgar a comunidade local a importância
do louva-a-deus no controle biológico de outros insetos e a necessidade de sua
preservação;
3-Conteúdos:
-O que é um
animal, suas principais características;
-Características do filo Artrópoda;
-Classes do filo Artrópoda;
-Estudo da Classe Insecta a partir do
louva-a-deus;
-Características do louva-a-deus/insetos;
-Morfologia e fisiologia dos insetos;
-Ordens da Classe Insecta;
-Tipos
de Metamorfose;
-Importância ecológica do louva-a-deus
como predador;
-Importância dos insetos como agentes
polinizadores;
-Curiosidades sobre o louva-a-deus;
-Curiosidades sobre os insetos.


Durante todo o tempo em que desenvolvi este projeto pedagógico, procurei
ter um cuidado especial com o registro de cada momento. Há muitos materiais
registrados como: análise das atividades desenvolvidas, dos questionamentos,
das entrevistas, produções feitas pelos alunos como textos, atividades de
divulgação, e-mail trocados com o
pesquisador, fotos filmagens, blog, avaliações...




4-Metodologia:

O município de Independência, localizado na região Fronteira Noroeste do
estado do Rio Grande do Sul que tem sua principal fonte de renda a agricultura
onde a principal cultura é a soja. Pelo censo demográfico de 2010 a sua
população atual é de 6.618, sendo que 4.157 (62,8%) vivem no perímetro urbano e
2.461 (37,2%) vivem na área rural.

A Escola Estadual de Educação Básica Amélio Fagundes, é a maior escola
do Município, sendo um importante ponto de referência para a comunidade onde
está inserida. Neste ano de 2011, tem cerca de 700 alunos, funcionando nos três
turnos, com turmas de 1ª série do Ensino Fundamental a 3ª série do Ensino
Médio. As etapas do ano letivo estão organizadas em trimestres, sendo que o
primeiro trimestre tem avaliação com peso 20, o segundo com peso 30 e o
terceiro com peso 50.

O corpo docente é constituído por cerca de 50 professores, que procuram
contemplar a filosofia da Escola nas atividades pedagógicas buscando “Construir
coletivamente uma educação para a autorrealização, participação, compromisso
com a vida e a transformação social”. Todos estão envolvidos, portanto, num
processo de construção coletiva do conhecimento tendo como pressuposto a
formação continuada, interagindo com os alunos e demais sujeitos na construção
coletiva do conhecimento, objetivando a formação de cidadãos conscientes da
realidade em que vivem.

O IDEB da Escola referente às séries finais do Ensino Fundamental, etapa
em que foi desenvolvido o projeto pedagógico, conforme o senso de 2009 é de 4,4
um pouco maior que a média geral do Município que é de 4,1.

A Escola dispõe de Laboratório de Ciências e de Informática, biblioteca
com um bom acervo enriquecido com os livros do PNLD, serviço de orientação
educacional, supervisão escolar, diretor e três vice-diretores e demais
serviços necessários.

O projeto pedagógico que desenvolvi foi na disciplina de Ciências Naturais, com a 6ª série do Ensino
Fundamental, turno vespertino, durante o período de 21 de fevereiro a 30 de
maio de 2011. A turma é composta por 33 alunos, sendo 19 alunas e 14 alunos. A maioria
dos alunos mora no perímetro urbano, muitos tem acesso a computador e internet
e outros recursos tecnológicos. A turma inicialmente tinha vários problemas de
relacionamento entre si, muitos tinham falta de atenção e de concentração
durante as aulas e como a maioria mora na cidade, não tinha o hábito de
observar o meio em que vive, principalmente os animais, nem de estarem em
contato com os mesmos, de preservarem, enfim não eram sensibilizados quanto a
esse assunto tão importante para o equilíbrio dos ecossistemas.

Sou professora de Ciências e
Biologia há quase trinta anos, tenho mestrado em Biologia com ênfase em
Diversidade e Manejo de Vida Silvestre, pela Unisinos. Atualmente leciono
Ciências Naturais na 6ª série (de oito anos) do Ensino Fundamental e Biologia
nas 1ª, 2ª e 3ª séries do Ensino Médio.

Ao longo da minha carreira como professora, sempre me preocupei com a
necessidade de desenvolver nos alunos as habilidades de identificar, observar,
reconhecer, descrever, comparar em especial quanto aos assuntos relacionados à
vida/seres vivos, possibilitando aos alunos o uso de uma linguagem científica,
ou seja, a alfabetização científica no desenvolver dos conteúdos e atividades
de Ciências. Levando em conta também a construção de valores, de compromissos,
de reflexão aprofundando assim, os conteúdos de acordo com a realidade local.
Entendo que os alunos são sujeitos capazes de refletir sobre sua realidade e
sujeitos com possibilidades de agir para transformá-la, por isso, procuro
envolvê-los nas diversas atividades que organizo quando as planejo para
trabalhar os conteúdos desenvolvendo habilidades
e competências que possibilite aprendizagens significativas.

No início de cada ano letivo preocupo-me com o planejamento de como orientar
meus alunos na construção de conhecimentos científicos que possibilitem criar
condições para que eles possam vivenciar seu protagonismo, permitindo assim
autonomia e novos olhares sobre o mundo e ao mesmo tempo em que esses
conhecimentos sejam utilitários e voltados para a formação de cidadãos
comprometidos. Nesse sentido, procuro enfatizar nas minhas aulas a
alfabetização científica, que leve o aluno a usar corretamente os termos
científicos, mas principalmente entendê-los compreendê-los e utilizá-los no seu
cotidiano.

Foram essas concepções que me motivaram a desenvolver este projeto
pedagógico, desde o planejamento até a definição dos conteúdos, pois percebo
que o ensino de ciências muitas vezes leva em conta mais a preocupação
acadêmica, voltada à memorização de conteúdos e conceitos. Para que o enfoque
não fosse somente neste sentido, mas voltado também à formação cidadã, levando
em conta a alfabetização científica, onde os alunos fossem capazes não só de
identificar os vocabulários científicos referentes aos animais, neste caso os
artrópodes e insetos em especial, mas também de compreender esses conceitos e
refletir sobre os mesmos é que direcionei meu trabalho.

Para ter uma noção das ideias que os alunos tinham sobre os animais. Inicialmente
questionei-os sobre: O que é um animal? Quais as suas características? Cite animais
que conhecem. O que sentem sobre os animais?
Que animais são mais abundantes?

Nesta atividade pude perceber
que a maioria dos alunos tinha a concepção de que animais são seres vivos,
alguns citaram que os animais têm quatro patas, outros que fazem parte da
cadeia alimentar, que alguns têm pelos outros penas ou escamas. Quanto ao sentimento
pelos animais, todos citaram que sentem carinho, alguns também afeto, amor,
nojo e muitos sentem pena quando eles são maltratados. Os animais mais
conhecidos pela turma resumem-se a mamíferos, em primeiro lugar cachorros e
gatos, alguns animais que costumam aparecer em filmes ou os encontrados em
zoológicos. Poucos foram os exemplos citados de animais que não são vertebrados
e dos invertebrados a formiga foi a mais lembrada. Quanto ao questionamento
sobre os animais mais abundantes no mundo citaram o cachorro, o gato, pássaros
e formiga. Percebi que no momento de responderem os questionamentos surgiram
dúvidas se todos os animais têm quatro patas? A formiga é um animal? Se ela é
um inseto é um animal? O ser humano é um animal?

A partir dessa análise, percebi
que tanto o conhecimento como os sentimentos que eles citaram são pelos
animaizinhos de estimação. Conclui que precisava iniciar o estudo sobre os
animais de maneira que eles entendessem que há outros grupos e que os mesmos
também são importantes. Aí o estudo dos insetos
a partir do louva-a-deus seria um assunto que faria sentido aos alunos, sendo
ao mesmo tempo desafiador, pois este inseto é tido como misterioso na Nossa
Região.

As concepções dos alunos sobre a abundância das espécies de animais era
equivocada quanto aos dados científicos, distribui o xerox de um texto que
continha uma tabela com os filos mais abundantes na natureza e propus que os
alunos analisassem-no e após solicitei que escrevessem uma conclusão. Foi nesse
momento que os alunos concluíram que o filo Artrópoda é o mais abundante e que
a classe dos insetos era a mais representativa. A partir dessas conclusões é
que introduzi o conceito de Artrópode, suas principais características e a sua
divisão em classes. Na aula seguinte levei um louva-a-deus em um terrário que
estava criando em cativeiro para mostrar aos alunos e ver o interesse que teriam.
Como a turma é muito grande levei também um exemplar fictício de bicuit para
que pudessem manuseá-lo à vontade e não estressassem o animalzinho nas observações
morfológicas externas mais detalhadas que havia proposto como: segmentos do
corpo, nº de patas, antenas e asas. Nesta primeira observação surgiram muitas
falas, perguntas e conclusões como: o que é filo? Por que o louva-a-deus é
venenoso? Por que chamam de louva-a-deus? Tenho medo. Ele pica? O que ele come?
Olhei o louva-a-deus e ele queria me morder. Se os olhos ficam do lado, como pode
enxergar para frente? As patas da frente tem ‘joelhos’ são diferentes das
outras, elas tem garras. Qual o tempo de vida dele? Não viram ruga (na forma
empírica corresponde ao estágio larval de um inseto)? Existe o casal? Para
poder desenvolver nos alunos a habilidade de observação, sugeri como tarefa de
casa que procurassem um louva-a-deus e observassem com atenção e relatassem as
observações feitas. Para os alunos que não encontrassem poderiam vir à Escola
no turno matutino observar o louva-a-deus do terrário. Acompanhei esses alunos
nas suas observações e foram surgindo mais questionamentos como: Ele caminha
com as patinhas no chão ou só voam? As patas da frente servem para apoiar ele?
Eles têm sangue? Relataram também: Peguei um louva-a-deus bem pequeninho, acho
que recém tinha nascido. Uma aluna havia observado uma esperança, mas notou
diferença pela forma da cabeça, mas que tinham algumas ‘coisas parecidas’ concluiu
que era outra espécie e que existiam várias espécies de insetos. Distribui
textos sobre o louva-a-deus, também usei o livro didático como apoio em textos
sobre os insetos. Também elaborei um questionário para os alunos entrevistarem
sobre as concepções que as pessoas na Comunidade têm sobre o louva-a-deus.

Todas as falas dos alunos eu anotei no meu caderno, selecionei alguns
conceitos/conteúdo científicos sobre os insetos a partir das mesmas e que foram
explorados como: segmentos do corpo, nº de patas, antenas, asas, ecdises,
exoesqueleto, circulação, respiração, reprodução, visão....Para viabilizar a
construção dos conhecimentos, a partir disso organizei uma Web Quest para
trabalhar os conceitos e conteúdos que despertaram curiosidade nos alunos e os
que no meu planejamento anterior havia selecionado como importantes e
necessários. Essa e a maioria das atividades foram desenvolvidas em grupos.

Achei muito importante o uso do computador no desenvolvimento do projeto
pedagógico, pois facilita e envolve os alunos, pois as novas tecnologias fazem
parte do cotidiano da maioria dos alunos. Muitas das curiosidades registradas
nos meus apontamentos foram respondidas pelo pesquisador conforme a questão nº
19, através do contato feito pelos alunos por email, bem como muitos dos questionamentos foram elaborados a
partir de tais apontamentos que serviram para estudo dos insetos durante as
observações do louva-a-deus.

As tarefas propostas na Web Quest foram:
1.
Escreva as características
do louva-a-deus, quanto às patas (nº e articulações), segmentos do corpo, asas
e antenas.
2.
Após fazer essa
análise, escreva por que o louva-a-deus é um artrópode da classe dos insetos,
ou seja, o que eles têm em comum?
3.
Pesquise sobre o
aparelho bucal dos insetos, desenhe-os e descreva cada um. Após, descubra que
tipo de aparelho bucal tem o louva-a-deus e explique por quê.
4.
Escreva sobre os
hábitos alimentares do louva-a-deus.
5.
Para que servem
as patas da frente do louva-a-deus?
6.
Qual a função das
antenas?
7.
Todos os insetos
têm asas? Qual a sua finalidade?
8.
Pesquise e
escreva sobre a circulação dos insetos e em especial a do louva-a-deus.
9.
Há diferença(s)
entre machos e fêmeas?
10. Pesquise sobre a metamorfose dos insetos.
11. Represente, classifique e descreva a metamorfose do
louva-a-deus.
12. Como é o esqueleto dos insetos?
13. Pesquise o que é muda ou ecdise?

14. Por que os insetos e os
artrópodes em geral passam por mudas?

15. Como é a respiração dos
insetos?

16. Cite o nome de outros insetos
que vocês conhecem.

17. Escreva o nome científico do
louva-a-deus.

18. Faça a classificação científica do louva-a-deus.

19. O prof. Dr. Lauro José Jantsch é um dos cientistas brasileiros que
pesquisa sobre o louva-a-deus, pesquise a biografia desse cientista e após
elaborem perguntas/curiosidades para contatarem com ele.

20. Escreva como o grupo poderá
divulgar a população sobre a importância e inofensividade do louva-a-deus.

21. Após as pesquisas, cada aluno (a) deverá escrever um texto relatando
tudo o que aprendeu sobre o louva-a-deus e insetos em geral, incluindo a
importância do louva-a-deus para o ambiente.

Cada grupo entregou um relatório das atividades desenvolvidas na Web
Quest.

Relatarei sobre as questões 19, 20 e 21.

O Prof. Dr. Lauro José Jantsch, é um dos quatro especialistas mundiais
em mantódeo (louva-a-deus), foi professor do Instituto de Biociências da PUCRS.
Primeiramente, entrei em contato com o departamento de Zoologia da PUCRS, tendo
como resposta que o pesquisador está aposentado, mas trabalha na Sociedade
Educacional Lecristo, em Porto Alegre, desenvolvendo trabalhos na área ambiental.
Descobri um blog assinado pelo Dr. Lauro e contatei com ele explicando o
projeto pedagógico e ele gentilmente se dispôs a
nos orientar e responder os questionamentos dos alunos.

Para os contatos via e-mail
com o pesquisador organizei um calendário (21, 22, 23/3) para que os alunos nos
seus respectivos grupos viessem à escola no turno inverso (matutino) para
usarmos o laboratório de informática. Como eu havia anotado as indagações e
curiosidades dos alunos, orientei-os a escreverem os e-mail com os questionamentos feitos mais os que surgiam no momento
da elaboração. Para isso, cada grupo rascunhou o e-mail, desde saudações, questionamentos e agradecimentos. Em
alguns grupos os alunos ainda não tinham seu email próprio, vários grupos
usaram o meu email para fazer as suas perguntas. Deixei como sugestão para a
colega que trabalha no Laboratório de Informática que cada aluno da turma criasse
seu email.

Quanto à questão 20 que se refere às sugestões de divulgação sobre o
louva-a-deus surgiram muitas ideias. Fiz uma lista no quadro das ideias que
surgiram. Tomamos uma decisão coletiva com a turma de quais as que seriam mais
viáveis como: confecção de cartazes para colocar na Escola, bilhetes
informativos para distribuir na Escola e Comunidade e divulgação através de
relatos dos alunos da turma no auditório da Escola para as demais turmas da
Escola, confecção de imãs de geladeira com mensagem, criação de um blog htpp//blogspot.temlouvadeus.com, onde
estão sendo postados relatos, textos, mensagens, fotos, recados, curiosidades
sobre o louva-a-deus.

Através dos textos individuais pude perceber o quanto este assunto foi
interessante para os alunos e como eles deram ênfase aos termos científicos e
como entenderam sobre a importância que o louva-a-deus tem sobre o ambiente e
sua inofensividade e que a partir da observação desse inseto, entenderam muito sobre
a morfologia e fisiologia dessa classe de artrópode.

Quando expliquei sobre as classes dos artrópodes, nas indagações que fiz
sobre suas características gerais, era notável o quanto eles tinham aprendido.
Ao me referir sobre a classe Insecta, souberam detalhadamente as
características que haviam observado no louva-a-deus, como nº de segmentos do
corpo, nº de patas e suas articulações, exoesqueleto, presença e função das
antenas e asas.

Também propus como tarefa de casa a observação de outros insetos e suas
reações e sugeri que anotassem no caderno. Na aula seguinte, fizemos uma lista
no quadro, dos insetos que a turma citou/anotou. Logo após estudarmos as ordens
e usando bibliografia adequada, propus que organizassem os insetos listados, nas
respectivas ordens.

Para retomar alguns conceitos, distribui uma cópia xerocada para cada
aluno dos e-mails, respondidos pelo
pesquisador. Percebi que entenderam as respostas com muita facilidade, pois os
termos usados pelo Dr. Lauro já eram conhecidos por eles como: ninfas, carnívoro,
respiração traqueal, ocelos...
Quanto à
reprodução e desenvolvimento dos insetos, pesquisaram os diferentes tipos de
metamorfose e souberam identificar o tipo de desenvolvimento do louva-a-deus.
Quando leram a resposta do Pesquisador que se referia as ninfas em que ele
respondia que o louva-a-deus passa por cinco ecdises, foi muito tranquilo o
entendimento, pois tinham conhecimento dos termos e lembravam-se de quando
haviam estudado as características dos artrópodes entre as quais a ecdises para
troca do exoesqueleto e consequente crescimento. Pois já haviam entendido sobre
o esqueleto dos artrópodes, seu processo de crescimento e também já tinham
observado o louva-a-deus e esperanças de tamanhos pequenos, bem como tinham
trazido para a aula ecdises/mudas ‘casquinha’ de cigarra.

Como na nossa Região o louva-a-deus é tido como um animal muito
venenoso. Organizei uma entrevista para termos uma ideia das concepções que as
pessoas da comunidade têm sobre o mesmo, bem como para despertar o interesse nas
pessoas da Comunidade e posteriormente, juntamente com os alunos repassarmos
alguns esclarecimentos relevantes, os principais questionamentos eram: se conhece
o louva-a-deus, o que costumam fazer quando o encontram, com que frequência o
encontram, se saberiam relatar algum acidente ou envenenamento, sobre as
lendas... Para isso, propus que cada aluno (a) entrevistasse no mínimo três
pessoas entre as quais um idoso, além disso, eu mesma me propus a entrevistar os
(as) professores (as) e funcionárias da Escola sobre as suas concepções. Nas
respostas dadas pelas pessoas entrevistadas nenhuma citou que tivesse sido ‘envenenada’
ou sofrido acidente, somente foi citado um caso de que uma pessoa teria tomado
uma ‘ferroada’ no pescoço. Quando lemos essa resposta questionei os alunos o
que seria a ‘ferroada’ e eles souberam responder que era o espinho da garra
tibial das patinhas dianteiras que também machuca quando pegam na mão. As
pessoas entrevistadas relataram que diminuiu a frequência do aparecimento do
inseto, todas as pessoas conhecem, muitos têm a ideia de que é venenoso, mesmo
nas respostas dadas pelos professores, a maioria das pessoas costumam matar e
alguns devolvem ao seu hábitat, a maioria das pessoas gostaria de receber
maiores informações sobre o louva-a-deus. Para as pessoas que colaboraram com
as entrevistas foi dado um retorno por parte dos alunos com materiais
elaborados por eles sobre a inofensividade do louva-a-deus.
5-Avaliação:

Na nossa Escola, as áreas de conhecimento se reúnem semanalmente nas
‘reuniões de área’. Em uma dessas reuniões as colegas relataram a mudança que
observaram nos alunos de como estão perdendo o medo do louva-a-deus e outros
insetos. Percebi nas rodadas de conversa na sala dos professores que a visão
que tinham antes do projeto, que era de medo hoje já é diferente. Pudemos
sensibilizar os alunos, demais professores e funcionários da Escola e
comunidade em geral.

Muitas vezes pude observar meus alunos mostrando um louva-a-deus para
crianças das séries iniciais, salientando da sua inofensividade, pegando com a
mão e dando para as crianças também pegarem.

Algumas conclusões feitas pelos alunos: a cigarra também faz parte do
grupo do louva-a-deus, trouxeram uma esperança e já sabiam distinguir que era
diferente do louva-a-deus em alguns aspectos, mas que também era um inseto.
Começaram a trazer insetos para a aula, pois sabiam das semelhanças com o
louva-a-deus, pois observavam as patas, antenas, asas, segmentos do corpo. Como
já previa, por experiências anteriores surgiu o questionamento se a aranha
também era inseto, mesmo que já tivéssemos citadas as cinco classes do filo
Artrópoda. Insisti na habilidade de observação para o aluno que fez a pergunta,
bem como para os demais e sugeri que observassem uma aranha e um inseto e comparassem
com as principais características morfológicas externas do louva-a-deus. Foi a
partir dessa comparação das características morfológicas externas que os alunos
tiveram firmeza na identificação de um inseto.

As avaliações foram feitas a partir da Web Quest, de relatórios orais e
escritos, das observações feitas, das conclusões tiradas, das várias produções
de textos, de planejamentos e execução das estratégias de divulgação.

Avaliando os relatórios da Web Quest, feitos pelos grupos pude avaliar
que a maioria dos alunos souberam caracterizar os insetos quanto ao exoesqueleto
de quitina, número de patas, antenas, segmentos do corpo, sangue, reprodução e
metamorfose, ecdises, respiração traqueal, além da importância para o ambiente.
Quanto às estratégias de divulgação propostas, percebi o quanto ficaram
sensibilizados com as respostas dadas nas entrevistas de que o louva-a-deus
seria ‘venenoso’ e a vontade de divulgar a comunidade que isso não passa de uma
lenda.

Elaborei uma avaliação, onde os
alunos puderam descrever sobre as concepções atuais referentes aos animais, grupo/filo
mais numeroso, características comuns entre os artrópodes. Também propus a
produção de um texto inspirado em uma ilustração relacionando ao louva-a-deus/insetos,
além de descrever o que sente pelo louva-a-deus e que escrevessem um recado às
pessoas sobre o inseto, criando uma frase interessante.

Ao corrigir/analisar a referida
avaliação pude perceber como foi significativo o aprendizado, pois nas
respostas quanto às atuais concepções do que é um animal, ficou claro sobre a
importância que têm para o ambiente e a necessidade de respeitá-los, muitos
citaram os insetos como exemplo, inclusive o louva-a-deus, citaram também que
os animais são seres vivos, que existem subdivisões para classificá-los, que os
seres humanos também são animais. Quanto ao grupo de animais mais numeroso
citaram que eram os artrópodes, outros que são os insetos e alguns concluíram
que são os artrópodes, entre os quais os insetos. Quanto ao que sentem pelo
louva-a-deus: carinho, afeto, achei muito interessante algumas respostas aqui
transcritas: “Ele é meu amigo” “Antes pensava que era venenoso, hoje não”, “Antes
sentia nojo e medo, agora gosto dele e sei que é inofensivo”, “As pessoas não
precisam ter medo deles”, “Cuide do meio ambiente, do louva-a-deus que só vai
acontecer o bem pra gente”, “O louva-a-deus é inofensivo, é muito importante”,
“Para as pessoas não matarem o louva-a-deus, pois são muito dóceis”, “É um
bicho bom”, “Faz bem para o ambiente e é inofensivo”, “O louva-a-deus é um bom
animal e é inofensivo, cuide dele”, “Antes de conhecer o louva-a-deus eu tinha
medo dele, mas depois que estudei mais sobre ele, percebi que ele só ajuda as
pessoas e não faz nenhum mal”, “Eu sinto dó pelo louva-a-deus, porque ele pode
acabar extinto porque todos matam ele”, “O louva-a-deus é inofensivo, então não
mate o bichinho”, “O louva-a-deus é legal e importante de estudar, não mate-o“,
“O louva-a-deus não é perigoso e respeita a natureza mais que nós humanos”, “O
louva-a-deus é um animal, não possui veneno, não tenha medo, ele é importante
para nós e no ambiente que vivemos”, “Agora que conheço o louva-a-deus sinto
muito afeto por ele, também pena, pois alguns deles são mortos sem ser perigosos”,
“Já viu aquele bichinho verde que parece estar rezando, que tem várias lendas
que tem veneno,” Ele é mais inofensivo do quer você imagina”, “Cuide do
louva-a-deus ele é muito importante, assim como nós”, “O louva-a-deus não
machuca, não tem veneno e nem ferrão e é inofensivo, é meu amigo”, “Se um dia
você ver um louva-a-deus, não mate-o, pois ele é inofensivo, se você não quiser
ele na sua casa, toque-o pra fora mas não mate-o. Se liga mano”.

A partir da ilustração que representei
na avaliação percebi que a maioria dos alunos descreveram corretamente as características
morfológicas dos insetos, se referiram à importância na polinização, que o
louva-a-deus é um artrópode, que é o maior grupo de animais existente, sobre o
exoesqueleto de quitina, a respiração traqueal, a metamorfose, as ecdises, ao
mosquito da dengue, a importância para o ambiente e a participação nas cadeias
alimentares, também citaram muitos outros insetos.
A evolução conceitual foi acontecendo ao
longo da caminhada, também percebi o entusiasmo dos alunos nas aulas de
trabalhei sobre as outras classes dos Artrópodes, portanto, oportunizei aos
alunos, momentos importantes de aprendizagem abrindo espaços para entenderem a
realidade. E como protagonistas da sua história de poderem manifestar seus
desejos e necessidades, possibilitando a descoberta de significados dos
conceitos científicos e a alegria de participar na comunidade, intervindo na
realidade local, colaborando assim, com a preservação das espécies estudadas.
Proporcionei experiências de participação dos alunos, construindo com eles
conhecimentos que ajudam a intervir na realidade a partir do coletivo.
Acredito que este projeto pedagógico poderá ser reaplicado no estudo dos insetos em outras
escolas e que de acordo com cada realidade poderá ser o inseto significativo na
comunidade em que a mesma esteja inserida, pois foi uma experiência que nesses
quase trinta anos de profissão me trouxe muita satisfação e aprendizado aos
meus alunos.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

As mídias digitais hoje, para minha profissão.







As mídias digitais na minha profissão.





Atualmente as mídias digitais que estão a nossa disposição são infinitas. O desafio é como usá-las, ou seja, como explorá-las pedagogicamente. O professor precisa estar preparado para esses desafios. Hoje vivemos a cultura da convergência como afirma Jenkins (2009), onde as mídias se misturam e que além do domínio do conhecimento na disciplina que somos formados precisamos usar e possibilitar aos alunos o contato e exploração das mesmas. Sabemos que os alunos tem contato direto com as diversas mídias como: computador, celular, máquina digital e descobrem as mais diversas possibilidades que elas oferecem. Cabe a nós professores da era do mimeógrafo nos inteirarmos também, pois a convergência dessas mídias está aí, mídias antigas que dominamos com facilidade e as mídias atuais que os nossos alunos sabem manuseá-las com facilidade e nós temos receio de descobri-las. Talvez seja essa a principal explicação para as dificuldades que temos quanto ao saber usar e aplicá-las pedagogicamente. Eu pessoalmente, acredito que o conhecimento da minha área, o entedimento das possibilidades de uso dessas mídias e como explorá-las pedagogicamente são áreas que dominamos, mas quando a parte técnica do uso principalmente do computador, reconheço que tenho muitas dificuldades que só o tempo e a prática poderão me ajudar superá-las.

terça-feira, 30 de agosto de 2011